Os benefícios corporativos assumiram uma importância crescente na atração e retenção de colaboradores, em uma mudança significativa em relação às práticas de recrutamento do passado, que costumavam ser mais focadas em salários e estabilidade. A consciência em relação ao bem-estar e à saúde dos colaboradores é um fator crítico para essa mudança.

"As empresas que têm mais atenção ao pacote de benefícios têm uma vantagem na busca e na retenção dos talentos", diz Vitor Silva, branch manager da Robert Half. Nesse contexto, a oferta de benefícios voltados para a saúde e o bem-estar tem sido uma maneira eficaz de fortalecer o vínculo entre colaboradores e empresas.

Leopoldo Veras, cofundador da Omni, operadora digital de planos de medicamentos com foco na experiência dos beneficiários, concorda com essa percepção. Ele enfatiza que "a saúde afeta todos os aspectos da vida das pessoas", o que realça a importância dos benefícios.

A pesquisa "Benefícios 2023", conduzida pela Robert Half, mostra que os dez benefícios mais valorizados pelos colaboradores são: assistência médica, vale-refeição, vale-alimentação, assistência odontológica, previdência privada, estacionamento, auxílio-estudo, notebook, auxílio combustível e carro para uso profissional e particular.

A assistência médica é apontada como o benefício mais importante, principalmente pelo fato de que a contratação de um plano de saúde no mercado particular pode ser onerosa. Nesse sentido, a oferta de assistência médica por parte das empresas torna-se um diferencial competitivo atraente, ajudando não apenas a atrair, mas também a reter talentos de alta qualidade.

Plano de saúde

Os planos de saúde no Brasil não cobrem medicamentos, uma lacuna significativa no sistema de saúde do país, dado o papel fundamental que os medicamentos desempenham na assistência médica. "Medicamentos são a intervenção médica mais comum. Estão presentes em 80% dos tratamentos. Nós vamos mais à farmácia do que ao médico", ressalta Leopoldo Veras, cofundador da Omni.

Diante desse contexto, a oferta de um plano de medicamentos por parte das empresas pode ser uma maneira eficaz de ajudar os colaboradores não apenas no aspecto financeiro, mas também na promoção da saúde e no manejo correto de medicamentos. Essa estratégia pode ajudar a minimizar problemas comuns como o abandono de tratamento, erros na dosagem, automedicação e outros.

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A automedicação, por exemplo, é um problema crescente no Brasil e pode trazer mais malefícios do que benefícios. Segundo dados de 2022 da Associação Brasileira das Indústrias Farmacêuticas (Abifarma), a automedicação é responsável por cerca de 20 mil mortes a cada ano no país. Além disso, uma pesquisa realizada pelo Conselho Federal de Farmácia revela que 77% dos brasileiros têm o hábito de se automedicar.

Dentre os fatores que contribuem para o aumento desse hábito estão a ampla disponibilidade de produtos farmacêuticos, a facilidade para a compra desses itens, a cultura da comodidade e a superficialidade das informações divulgadas na internet. Diante dessa realidade, é crucial que as pessoas procurem auxílio médico ou farmacêutico ao perceberem algum sintoma, evitando a prática da automedicação.

Nesse sentido, os planos de medicamentos podem atuar como um facilitador, proporcionando um acesso seguro e adequado aos medicamentos, contribuindo assim para um melhor gerenciamento da saúde dos colaboradores.

Responsabilidade da empresa

Com a oferta de planos de medicamentos pelas empresas, surge uma nova questão: o acesso a dados médicos dos colaboradores. Isso pode gerar conflitos com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que regula o tratamento de dados pessoais no Brasil, incluindo os de saúde.

As empresas do segmento, como a Omni, precisam realizar a gestão desses dados em parceria com o RH das empresas. Este é um cenário que demanda cuidado e responsabilidade, pois os dados de saúde são categorizados como dados sensíveis pela LGPD, exigindo um tratamento diferenciado.

Nesse sentido, Leopoldo Veras destaca que "existem RHs mais maduros, que têm inclusive médicos nos seus quadros. Nesses casos, o acesso individual fica restrito ao médico, desde que o colaborador tenha consentido em compartilhar esses dados".

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Portanto, é fundamental para as empresas implementarem estratégias e políticas de proteção de dados, garantindo que estejam de acordo com a legislação em vigor e protegendo a privacidade e confidencialidade dos dados de saúde de seus colaboradores. Além disso, o consentimento dos colaboradores é uma exigência legal e também um elemento importante para manter a confiança e transparência na relação entre empresa e colaborador.

Ouça abaixo o episódio na íntegra.

 

Robert Half Talks

Lançado em outubro de 2021, o Robert Half Talks está disponível nas principais plataformas de áudio e agregadores de podcasts. Em um bate-papo inteligente e descontraído entre headhunters da companhia e grandes nomes do mercado, o Robert Half Talks será uma atração quinzenal, com o objetivo de levar aos ouvintes discussões relevantes sobre o futuro do trabalho e dicas de como se adaptar a um mundo em constante transformação.

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