Síndrome do impostor ainda assombra profissionais no ambiente de trabalho
Aquela percepção de que “a casa caiu” porque finalmente perceberam que você não é bom o bastante, de que as pessoas estariam prestes a descobrir que você não é capaz, é muito mais comum do que se imagina. Conhecida como síndrome do impostor, essa sensação acontece com muita gente. Apesar de ainda não ser considerado um transtorno psicológico pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o problema assombra mais de 70% das pessoas pelo menos alguma vez na vida.
Em episódio do podcast Robert Half Talks, Henrique Bueno, CEO do Wholebeing Institute, um respeitado instituto global de ensino da Psicologia Positiva, contou que ele mesmo, sempre que passava por uma avaliação de desempenho, dizia para a esposa que agora iriam descobrir sua incapacidade e lhe mandar embora. “Aí, eu passava pela avaliação e era promovido.”
“É uma sensação estranha. A gente não percebe nossas qualidades, nossas entregas e sente que a qualquer momento vão perceber que não deveríamos estar lá”, justificou.
Maria Sartori, diretora associada da Robert Half, disse que 100% dos profissionais com quem já teve oportunidade de conversar se sentiram impostores em algum momento. “Isso causa uma ansiedade altíssima, que acaba comprometendo a performance. É inevitável”, afirmou.
O medo causado pela síndrome do impostor
Para Bueno, a síndrome barra o desenvolvimento do profissional. “Você morre de medo de fazer perguntas. No começo de um novo desafio, é pior. Na minha primeira experiência, lembro que 70% dos conceitos de uma conversa tinham siglas de três letras. Eu fingia que conhecia todas, para não parar a reunião. No longo prazo, isso faz com que a gente se sinta intimidado”, ressaltou Bueno.
Como identificar?
Para identificar se você está passando por isso, basta observar três pontos: autocobrança em excesso; procrastinação (que congela as ações); e uma permanente comparação com os outros. “Sempre vai ter profissionais melhores que você, e é bom que tenha”, advertiu Maria. “É quando começa a doer demais, mesmo quando promovido, e você não consegue conversar com os outros”, completou Bueno.
Para se ter uma ideia, um estudo realizado com estudantes de medicina de duas faculdades distintas dos Estados Unidos pela doutora Jayne Rice, integrante da equipe de cirurgia vascular do Hospital da Universidade da Pensilvânia, constatou que 97% dos estudantes avaliados apresentavam sentimentos moderados a intensos em relação à síndrome.
No entanto, uma pesquisa recente do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) descobriu ao menos uma vantagem para aqueles que vivenciam o problema. De acordo com os pesquisadores, os “impostores” seriam propensos a desenvolverem boas relações interpessoais nas equipes em que trabalham, colaborando para o resultado coletivo.
Sensação de inadequação para o cargo e as consequências disso
A pesquisa, realizada por meio de questionários e dinâmicas com 3.603 funcionários de empresas, levantou ainda a hipótese de que o sentimento de inadequação leva o impostor a se esforçar mais para lidar com colegas e clientes, o que o tornaria mais competente no campo das habilidades sociais.
Mesmo assim, a pesquisa reforça que a síndrome é um problema e leva a um grau de sofrimento que não pode ser desconsiderado e que, certamente, não deve ser estimulado como estratégia de produtividade. Vale ressaltar que, em geral, quem sofre da síndrome não é realmente uma fraude, mas com certeza não se conhece a fundo.
Qual é a solução?
Na busca de uma solução, o importante é saber de início que a produtividade não deve ser encarada como um valor supremo. Tudo mundo tropeça, mas aprende, aceitando as vulnerabilidades humanas.
“Dentro do mercado sempre se falou muito em trabalhar com propósito. Com o avanço das gerações, principalmente as mais novas, essa questão é cada vez mais forte, e isso se intensificou com a pandemia. Quantas pessoas não estão abandonando os postos porque já não são mais felizes?”, ponderou Maria.
Autoconhecimento e ajuda profissional
Para ela, existe um caminho de autoconhecimento do profissional para ser feliz também no trabalho, mas também cada vez mais as empresas devem se preocupar a ajudar.
“Existia a pressão por resultado e o bônus lá na frente. Emoções eram coisas que conversavam lá fora. Mas hoje sabemos que uma pessoa feliz no trabalho inova 300% mais. Uma empresa que investe em bem-estar tem 55% menos turnover e 15% menos burnout”, argumentou Bueno.
“É intuito. Uma das formas de se tratar a saúde mental é trabalhar na causa, fazer com que o ambiente se torne mais livre, tirando o foco da eficiência”, completou.
Se você quiser saber mais sobre a solução e o tema em geral, ouça o episódio.
Se você quiser saber mais, ouça o episódio na íntegra.
Robert Half Talks
Lançado em outubro de 2021, o Robert Half Talks está disponível nas principais plataformas de áudio e agregadores de podcasts. Em um bate-papo inteligente e descontraído entre headhunters da companhia e grandes nomes do mercado, o Robert Half Talks será uma atração quinzenal, com o objetivo de levar aos ouvintes discussões relevantes sobre o futuro do trabalho e dicas de como se adaptar a um mundo em constante transformação.
Mais informações sobre o Robert Half Talks você confere em: Podcast: Robert Half Talks | Robert Half