A saúde mental e a segurança psicológica tornaram-se temas centrais nas discussões sobre o ambiente corporativo. Com a crescente complexidade das demandas profissionais e o impacto prolongado da pandemia, organizações de diversos setores estão cada vez mais conscientes da importância de cuidar do bem-estar emocional de seus colaboradores.
No entanto, garantir que esse tema seja tratado com a devida seriedade exige mudanças profundas na cultura organizacional e, principalmente, nas práticas de liderança.
De acordo com a pesquisa realizada em parceria entre a Robert Half e a The School of Life, a saúde mental dos colaboradores segue em declínio, com dados alarmantes que evidenciam o impacto disso na produtividade e na permanência de talentos.
A co-fundadora e CEO da The School of Life no Brasil, Diana Gabanyi, compartilhou alguns insights durante o episódio do podcast "Robert Half Talks", destacando os desafios que tanto líderes quanto liderados enfrentam em manter o equilíbrio mental no trabalho.
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A saúde mental se tornou um dos maiores desafios no ambiente de trabalho desde a pandemia. “A saúde mental, tanto de líderes quanto de liderados, não vai bem", afirmou ela, referindo-se aos altos índices de estresse, ansiedade e burnout relatados pelos profissionais. Segundo o estudo, mais de 40% dos líderes e quase 40% dos liderados sofrem de problemas relacionados à saúde mental. Além disso, 20% dos profissionais relataram o uso de medicação para lidar com essas questões, o que, nas palavras de Diana, “pode parecer um número pequeno, mas, em uma escala global, é muita gente”.
Esses números revelam o quanto a saúde mental tem impactado a capacidade dos profissionais de entregar resultados e se manter produtivos. Uma das razões para isso, segundo Diana, é a falta de conexão entre líderes e liderados. "Essa conexão entre líderes e liderados é essencial para um ambiente de trabalho saudável", ressaltou ela, mas esse vínculo parece ter se enfraquecido nos últimos anos, em parte devido à adoção de modelos de trabalho remoto e híbrido.
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A segurança psicológica, conceito que se refere à criação de um ambiente onde os colaboradores se sintam à vontade para expressar suas preocupações sem medo de represálias, é uma parte fundamental desse cenário. Empresas que promovem segurança psicológica tendem a ter equipes mais engajadas e colaborativas, o que, consequentemente, leva a uma maior produtividade.
Embora os colaboradores enfrentem desafios significativos, os líderes também estão sobrecarregados. Isso levanta a questão sobre como as empresas podem fornecer suporte adequado tanto para quem lidera quanto para quem é liderado. "Quem mais precisa de ajuda são os líderes. Sabemos que isso precisa começar de cima para promover uma transformação de cultura", explicou ela.
Além disso, as mudanças na forma como os líderes lidam com suas equipes devem vir acompanhadas de um profundo autoconhecimento. Isso inclui a necessidade de abandonar abordagens baseadas em comando e controle, comuns nas décadas de 80 e 90, e adaptar a comunicação às características das gerações mais novas, especialmente a geração Z, que não tolera esses métodos tradicionais. As gerações mais antigas muitas vezes aceitavam certos comportamentos que os profissionais mais jovens não aceitam mais..
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Outro ponto crucial levantado foi a questão do assédio moral. A pesquisa revelou que 35% dos liderados já se sentiram assediados moralmente no ambiente de trabalho, enquanto apenas 18% dos líderes reconhecem que praticaram o assédio. Essa disparidade, segundo Diana, pode ser explicada pela falta de clareza sobre o que configura um comportamento abusivo no ambiente de trabalho.
Para enfrentar essa questão, a The School of Life desenvolveu workshops focados em conscientizar tanto líderes quanto liderados sobre o que é considerado assédio moral. "Estamos querendo entender o que acontece psicologicamente com uma pessoa que é assediada, com o assediador, mas principalmente o que é um assédio", comentou Diana. Ela enfatizou que é fundamental que os líderes aprendam a identificar quando estão ultrapassando limites e saibam adaptar suas abordagens de liderança.
A busca incessante por produtividade é um dos principais fatores que levam ao esgotamento. Muitas empresas, ao exigir mais resultados com menos recursos, acabam esticando demais a corda. “Talvez essa corda, ela esteja sendo esticada um pouco demais e alguma hora ela vai quebrar", alertou Diana.
O Brasil ocupa a segunda posição mundial em número de casos de burnout, ficando atrás apenas do Japão. Esse dado é preocupante, especialmente em um contexto onde as empresas continuam a aumentar suas metas, sem levar em consideração o impacto na saúde mental dos colaboradores. “Se você performar o tempo todo no 100%, a sua corda vai esticar", advertiu Diana, explicando que o ideal seria que os colaboradores mantivessem uma performance de cerca de 85% ao longo do tempo, para evitar o esgotamento.
Uma das soluções apontadas para resolver esses problemas é a mudança de mentalidade dos líderes empresariais. Para que as organizações promovam um ambiente de trabalho mais saudável, é fundamental que essa transformação comece pelo mais alto escalão. “Precisa haver essa mudança de mentalidade. Se não houver, a gente vai ficar aqui falando, eu vou fazer discursos lindos e nada vai acontecer", disse Diana.
Essa mudança também inclui o reconhecimento de que os líderes precisam de autoconhecimento para liderar com empatia e inteligência emocional. A pesquisa mostrou que tanto líderes quanto liderados acreditam que a inteligência emocional é a habilidade mais importante para lidar com situações de medo e estresse no trabalho. No entanto, para desenvolver essa competência, é necessário um esforço contínuo de autodesenvolvimento.
A saúde mental e a segurança psicológica são elementos que não podem mais ser ignorados no ambiente corporativo. Empresas que desejam reter talentos e aumentar a produtividade precisam criar condições para que seus colaboradores trabalhem em um ambiente seguro, onde possam expressar suas preocupações e limites sem medo. Como enfatizou Diana Gabanyi, "nada é melhor do que liderar por exemplo", e isso inclui líderes que se preocupam com o próprio bem-estar mental e o de suas equipes. Assim, o caminho para o sucesso sustentável passa por equilibrar produtividade com qualidade de vida, promovendo um ambiente de trabalho que respeite os limites humanos.
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