Especialistas da Robert Half alertam sobre as armadilhas de aceitar uma contraproposta
Último artifício para não perder profissionais para o mercado de trabalho, a contraproposta é utilizada sempre ou com bastante frequência por 59% dos executivos entrevistados em uma pesquisa da Robert Half. Outros 35% afirmam utilizá-la de vez em quando. Apenas 9% dizem não usar ou usar raramente este recurso. O estudo levou em consideração a opinião de 508 executivos C-Level como General Managers, CIOs e CFOs.
“A contraproposta é uma medida emergencial com efeitos negativos para todos as partes. A empresa contratante perde um profissional que ela dava como certo, enquanto o profissional tem sua situação financeira resolvida apenas no curto prazo, correndo o risco de ver retornar as insatisfações que o levaram a pedir demissão”, aponta Fernando Mantovani, diretor-geral da Robert Half. “Sobre a empresa que oferece a contraproposta, a mensagem que pode ficar é de que a organização só valoriza os colaboradores quando não há mais saída”, conclui.
A tendência é que o número de ofertas de contraproposta aumente, uma vez que a retomada do mercado de trabalho se confirme e as contratações acelerem, aumentando a competição por profissionais qualificados e o receio das empresas em perder seus principais talentos. Este é o cenário previsto pela 7ª edição do Índice de Confiança (ICRH), estudo trimestral conduzido pela Robert Half e que mapeia o sentimento dos profissionais qualificados com relação ao mercado de trabalho atual e futuro. O ICRH atingiu 58,4 pontos em otimismo na perspectiva futura e 32,7 com relação ao momento atual, maiores índices da série histórica, sendo que valores acima de 50 pontos indicam agentes do mercado de trabalho confiantes.
Ainda de acordo com a pesquisa, os principais motivos que levam às empresas a lançarem mão da contraproposta são: boa adaptação do profissional com a empresa e o time (54%); desejo de manter o conhecimento dentro da organização (51%); e custo alto de substituir uma habilidade específica (39%).
Apesar de usada com frequência pelas empresas para reter os colaboradores, os especialistas da Robert Half alertam aos profissionais sobre as armadilhas ao aceitar uma contraproposta:
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É uma ferramenta emergencial – Alguns empregadores ficam em dúvida quanto ao real comprometimento do empregado com a organização e usam a contraproposta como uma forma para ganhar tempo e segurar o profissional apenas enquanto buscam outra pessoa para a função.
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As insatisfações podem voltar – Em geral, ao pedir demissão, o profissional possui insatisfações com a companhia que vão além da financeira, como relacionamento com a equipe, clima organizacional, modelo de trabalho, localização da empresa, entre outras. Pode ser que, momentaneamente, o aumento satisfaça, mas, com o passar do tempo, a remuneração maior não amenize as demais insatisfações.
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Caro para o mercado – A tendência é que o salário de uma pessoa que aceitou uma contraproposta fique acima da média do mercado. Ou seja, pode ser um fator limitador para movimentações futuras.
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Novos aumentos demorarão a chegar – Ao aceitar uma contraproposta existe a possibilidade de ficar um bom tempo sem aumento, já que houve uma elevação salarial que não estava no planejamento da companhia.
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A reputação tende a ficar manchada – Não importa o que o atual empregador diga no momento da contraproposta, a imagem sempre será associada à de alguém que pode pedir demissão a qualquer momento. Com relação ao recrutador que recebeu a recusa, ele tende a avaliar você como um profissional motivado apenas por remuneração, sem valorizar plano de carreira, oportunidades de crescimento.
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Cuidado com a lista de cortes – Após aceitar uma contraproposta, pode acontecer de o seu empregador ficar em dúvida sobre a lealdade com relação à companhia e, dentro desse contexto, considerar você na lista de profissionais a serem demitidos, caso haja necessidade.
Dificilmente a empresa voltará a valorizar o profissional – Se o benefício financeiro veio apenas porque o colaborador manifestou desejo de ir para o mercado, é possível que não seja da cultura da empresa investir em ações de retenção de talentos. É muito gratificante trabalhar em uma empresa que valoriza o colaborador enquanto ele está na função e não apenas quando ele pede demissão.